INARA – capítulo 1 7 – Paulistas X Cariocas – As diferenças culturais
Após o casamento, Inara e Renato voltaram ao Rio de Janeiro, levando no carro dela, todos os presentes que couberam no porta-malas e no banco traseiro. O piano e o restante das coisas pessoais iriam em seguida. Não tiveram tempo para a viagem de lua de mel.
– Não se preocupe! Por ora, a nossa lua de mel vai ser no Rio de Janeiro. Vou te levar para conhecer todos os pontos turísticos. Durante os finais de semana, viajaremos para as cidades mais próximas. Tem muitos lugares para você conhecer. Vai adorar! – afirmou o carioca.
E ele cumpriu o que prometeu. A cada dia, Inara conhecia algo novo na cidade. Escolhiam bons restaurantes, frequentavam diversas praias e pontos turísticos. A praia preferida deles era a praia do Pepino, em São Conrado.
Viajavam para Cabo Frio, Búzios, Petrópolis, Teresópolis e Itaipava. Às vezes iam sós; outras, com casais amigos.
Quando não viajavam, encontravam-se com um grupo de amigos na praia de Ipanema.
Ao final do dia, escolhiam um restaurante descontraído, onde pudessem ir com a mesma roupa da praia. O favorito era a Pizzaria Guanabara.
Para Inara era uma lua de mel longa e prazerosa. Encantava-se com a beleza da cidade que proporcionava qualidade de vida saudável e descontraída. Apesar de já estar trabalhando todos os dias, no turno da manhã, a jovem paulista ainda se sentia em férias. Almoçava em casa, diariamente, em companhia do esposo.
Inara lecionava em duas escolas de Ipanema. Era professora do Colégio Notre Dame e em uma outra escola pequena, recém-inaugurada.
Celso, irmão mais novo de Renato, levava-a para as escolas e, enquanto ela dava as aulas, ele ficava sentado no carro aguardando. O cunhado estudava à noite e como não trabalhava, tinha tempo disponível para a nova função.
A princípio, Inara se incomodou com aquela superproteção. Achava que não havia tanta necessidade.
– Têm tido muitos assaltos ultimamente. O Rio de Janeiro já não é mais o que era antes. Eu fico mais tranquilo e o meu irmão faz um troco extra. – explicou o marido.
Então agora tenho um guarda-costas? – perguntou a esposa.
– Isso, pode chamar assim se quiser. Não quero que nada de ruim te aconteça. Prometi ao seu pai que iria cuidar de você e vou. – reafirmou o marido, mudando de assunto.
Alguns dias depois, uma senhora caminhando sozinha pela rua, perto do Colégio Notre Dame, sofreu um assalto e foi morta. A partir de então, Inara, ainda chocada, agradecia a preocupação do marido e a companhia do cunhado.
Com o passar do tempo, a jovem percebia que havia uma enorme diferença cultural entre paulistas e cariocas. Descobriu que havia uma grande rivalidade entre eles, principalmente dos cariocas para com os paulistas. A frase que mais ouvia e que a incomodava bastante era: “Paulista é babaca!”
Ela nunca tinha ouvido isso antes, muito menos o termo babaca.
Em casa, perguntou ao marido o que isso queria dizer, e ele explicou:
– Babaca é um termo chulo que ao pé da letra significa boceta, mas, na gíria carioca, quer dizer otário, insignificante.
A paulista riu, pondo a mão na boca e resolveu anotar num caderninho, todos os termos, pronúncias e situações novas que aprendia.
O pai de Renato, seu sogro, tornou-se seu melhor amigo no Rio de Janeiro. Tratava-a como uma filha. Tinham muito carinho um pelo outro. Falavam bastante ao telefone, quando ele ia visitá-los ou quando o casal o visitava, em Niterói, geralmente para almoçar. O sogro adorava cozinhar para eles.
Foi ele quem lhe apresentou uma excelente cozinheira e arrumadeira e que, diariamente, passou a trabalhar para os recém-casados.
Agora, como dona de casa, a paulista tinha de fazer lista de açougue e supermercado para que dona Maria fosse às compras.
– Tome aqui o dinheiro e esta listinha. Renato pediu para a senhora fazer uma carne de panela. Aquela gostosa que sempre fez na casa do pai dele. Sabe qual é? – perguntou para a cozinheira.
– Ah sim, sei qual é. Pode deixar, vou comprar chã de dentro. – disse dona Maria.
– A senhora vai comprar o quê?
– Chã. Chã de dentro. – respondeu a cozinheira.
Mas o que é chã de dentro? Não como bicho esquisito. Eu gosto de carne de vaca.
– Pois é, chã é pra fazer a carne assada que eles tanto gostam. – respondeu dona Maria não entendendo a dúvida da jovem patroa.
Assim que dona Maria saiu, a nora ligou para o sogro.
– Meu querido sogro, que raio de chã de dentro é esse que vocês comem?
Ele do outro lado, gargalhando respondeu:
– É o mesmo coxão mole que vocês paulistas comem, minha filha, Aqui tem outro nome.
Tenho de pôr isso no caderninho. Chã de dentro x coxão mole. – pensou ela ao desligar o telefone.
No almoço daquele dia, o chã, muito bem preparado, foi saboreado e acompanhado do assunto que tinha se tornado predileto entre eles: as diferenças culturais.
Numa noite, em reunião na casa de amigos, a conversa girou em torno das comparações entre Rio e São Paulo. Os amigos cariocas comentavam sobre o sotaque dos paulistas. Na verdade, eles zombavam dele.
– Como vocês falam chuvendo? – perguntou uma das amigas.
– Chovendo – respondeu a paulista.
Rindo, a amiga continuou:
– Não é chovendo que se fala e sim, chuvendo. Nós não dizemos fogão, mas fugão. Também não é número doze e sim, douze. E nós, meninas, não nos referimos a um rapaz dizendo carinha e sim, cara ou garoto.
Em seguida, um dos rapazes deu continuidade às comparaçōes, dizendo:
– E vocês chamam piranha de galinha. – todos riram.
– E vocês dizem mermo. Nós, paulistas, dizemos mesmo. – retrucou Inara.
– É mermo. – respondeu um amigo . – Além disso vocês cantam muito quando falam. E o pior é ouvir os paulistas babacas dizerem mina, quando deveriam dizer garota. Que horrível, mina!
Foi quando Renato levantou e disse:
– Chega, vamos mudar de assunto e respeitem a minha mina, ou melhor, minha esposa.
Inara ficou orgulhosa de o marido ter interrompido a conversa e sair em sua defesa. Com essa atitude autoritária, dita em tom de brincadeira, o assunto foi rapidamente encerrado.
Ao chegar em casa naquela noite, ela foi à mesa de cabeceira, abriu o caderninho e fez novas anotações. O marido, vendo aquilo, comentou:
– Eu nunca tinha pensado nisso, mas babacas são os cariocas que morrem de inveja dos paulistas. E sabe por quê? Os paulistas têm mais dinheiro, trabalham muito mais que os cariocas. Os salários em São Paulo, para uma mesma colocação, são sempre superiores aos do Rio. Essa implicância dos cariocas em relação aos paulistas se chama dor de cotovelo.
– Também com as praias maravilhosas que vocês têm aqui, clima gostoso, sol quase todos os dias, acredito que seja realmente difícil ter a mesma disposição para trabalhar. – comentou Inara.
– Mas olha, Fofa, não liga para o que falam meus amigos. Estão enciumados porque me casei com uma paulista e eles estão com as piranhas cariocas, hahaha – dizia ele, divertindo-se com as próprias palavras. E continuou:
– Estou brincando, mas a verdade é que estes amigos se conhecem desde a adolescência. Portanto, já houve um rodízio de namoro entre eles. Quero dizer, já transaram uns com o marido ou esposa do outro antes de se casarem. Por exemplo: Ronaldo já foi namorado da Irene e hoje ela é casada com o Osvaldo e são todos amigos. Nenhuma mulher do grupo casou virgem. Posso te garantir.
– Uau! Acho que eu não conseguiria conviver bem com um ex-noivo ou ex-namorado e não gostaria de me tornar amiguinha de uma ex-namorada sua. Acho que sentiria muito ciúme. – disse a esposa.
– Eu também. Ainda bem que pensamos da mesma forma. Por isso escolhi você pra ser minha mulher. Jamais me casaria com uma mulher que o meu amigo já comeu. – afirmou o marido.
– Você é o carioca mais paulista que eu conheço. Agora, quanto ao lado profissional, me conta. É também cultural ter dois empregos como você?
– Não. É que sou doido mesmo. Mas essa situação tem de mudar, pois é muito desgastante e não sei por quanto tempo poderei manter isso. Meus chefes gostam de mim e aprovam, mas se trocarem os chefes, não sei se os novos concordarão com isso. – disse Renato, mostrando preocupação com o futuro.
– Me explica melhor! Nunca entendi como é possível trabalhar no mesmo horário em dois lugares. – pediu a esposa.
– Tudo começou assim: a estatal onde trabalho, como a maioria das estatais do Rio de Janeiro, tem muitos funcionários e não tem muito trabalho pra tantos. As pessoas faltam, não ficam o período completo, saem para almoçar e muitas vezes não voltam, pois sabem que não serão despedidas.
Eu queria ganhar mais como Analista de Sistemas e descobri que no mesmo corredor, ao lado do meu escritório, uma empresa privada de tecnologia estava procurando Analistas de Sistemas e os salários eram mais altos. Enviei o meu currículo e fui chamado para a entrevista. Dias depois me avisaram que eu tinha sido escolhido para a posição.
O meu chefe na estatal, um velhinho simpático com o qual me dou super bem, quando soube que eu ia mudar de emprego, sugeriu que eu mantivesse os dois e propôs:
– Renato, meu filho, quando estiver no escritório ao lado, deixe o seu paletó pendurado aqui na sua cadeira. Assim, quando vierem te procurar e não te encontrarem, podemos dizer que você deve ter saído pra tomar um cafezinho e já volta, pois o paletó ainda está aqui. Combinaremos com a recepcionista que, quando alguém te procurar, ela liga, avisa e, em seguida, você vem. Vai tranquilo, garanto que você vai dar conta dos projetos nas duas empresas.
– Resolvi seguir a sugestão dele. Com isso passei a ganhar dois salários. Nada mal, né?
Inara continuava ouvindo bastante curiosa aquela história inusitada.
O marido prosseguiu:
– Ao novo chefe perguntei se seria possível continuar trabalhando na estatal ao mesmo tempo. Para a minha surpresa ele disse que sim, mas que eu tinha de cumprir os prazos estabelecidos para a entrega dos projetos aos clientes. Se desse conta disso, ele não queria saber onde eu estaria fisicamente.
E assim tem sido. Nunca atrasei dia sequer a entrega dos meus projetos. Já faz pouco mais de um ano que vivo assim. Já os meus colegas que passam o dia inteiro com a bunda grudada na mesma cadeira, estão entregando seus projetos com atraso.
Naquela noite, a paulista pegou no sono pensando naquela situação.
No dia seguinte, ao conversar com os pais pelo telefone, comentou a maneira estranha de trabalho do marido e ainda ter o aval dos chefes.
Após chegar a pequena mudança de São Paulo e com ela o piano inseparável de Inara desde os seis anos de idade, o apartamento ficou lindo. Com os acessórios, quadros e plantas, formou-se um conjunto harmonioso e acolhedor de decoração.
Renato, orgulhoso do seu novo lar, decidiu fazer uma reunião e chamar os amigos.
A esposa concordou e, imediatamente, quis fazer a lista de compras das bebidas e aperitivos e o cardápio que serviriam naquela noite.
– Vamos juntos ao supermercado, temos de comprar várias coisas. – disse ela.
– Nem se preocupe. Os amigos trazem bebida e comida que será suficiente. Não teremos de fazer muita coisa. – respondeu o marido.
– Mas como? Você chama pra sua casa os amigos e eles têm de trazer comida e bebida? – perguntou ela surpresa.
– Sim. Em São Paulo não fazem assim? – perguntou o carioca.
– Não. Quando somos convidados para a casa de amigos, a única coisa que se leva um vinho, uma orquídea ou um ramalhete de flores. O anfitrião é quem providencia os comes e bebes. – falou a esposa.
– Pois é. Mais uma prova de que o carioca é duro. Quando reunem amigos em casa, contam com o que os amigos vão trazer para comer e beber – falou o esposo.
– Pois você diga aos seus amigos, que, na casa da paulista, não precisam trazer nada. – ordenou Inara, fazendo anotações no caderninho que agora tinha um título: Paulistas X Cariocas.
A reunião em casa foi bastante alegre e descontraída. Desta vez os assuntos bairristas não vieram à tona.
Em um feriado escolar, a esposa de um dos melhores amigos de Renato convidou Inara para irem à praia juntas com um grupo de amigas. Na maioria, mulheres casadas. Os maridos estavam trabalhando.
– Vai sim, acho legal você curtir novas amizades. – disse o marido.
Inara foi até a casa da amiga que morava na rua Barão da Torre em Ipanema. De lá sairiam juntas para a praia. Ao chegar, a amiga pediu que ela entrasse, pois estava acabando de se arrumar.
A jovem paulista notou que amiga estava levando muito tempo na escolha dos trajes de praia. Trocou de biquini e saída de praia várias vezes. Penteava o cabelo em forma de trança, soltava e prendia num rabo de cavalo, não gostando fazia um coque no alto e penteava tudo novamente deixando solto. Também levou considerável tempo para escolher as bijuterias e, enfim, ficou pronta. Ao encontrarem as amigas na praia uma delas disse:
– Venham, vamos nos sentar aqui. É neste ponto que os garotos mais bonitos do Rio de Janeiro se encontram.
Logo, a paulista percebeu rapazes se aproximando. Algumas amigas levantaram-se para cumprimentá-los. Uns já eram conhecidos, outros diziam: – Muito prazer. Uma delas se afastou com um dos rapazes e foram pra perto da água. Outra caminhou com um dos rapazes para sentaram-se num banco do calçadão. Ela observava tudo aquilo e achava estranho. – Algo esquisito está acontecendo por aqui. Será que também é cultural paquerar na praia enquanto os maridos trabalham? – refletia incomodada.
Quando todos saíram da praia, ela notou que uma das amigas fora embora com um rapaz que tinha acabado de conhecer.
– Foram para o motel. – sussurrou uma das amigas.
– E você, Inara, não conheceu nenhum paquera? – perguntou outra menina do grupo.
– Esquece! Inara é recém-casada, ainda só tem olhos para o marido. Mas, fica tranquila, isso logo passa. – respondeu outra.
No caminho de volta para a casa na Barão da Torre, onde Inara tinha deixado algumas coisas, a amiga fez um pedido:
– Não comente nada com o Renato sobre o que você viu na praia hoje. É tudo brincadeirinha, ninguém faz nada além de bater papo. É gostoso e saudável para o casamento uma paquerinha sem compromisso de vez em quando. E vendo a cara surpresa da paulista, a amiga perguntou:
– Será que as paulistas casadas não paqueram às vezes?
Inara não soube responder e também não conseguiu guardar segredo. Ao chegar em casa, fez anotações no caderninho e comentou com o marido. Antes, pediu que ele não contasse nada aos amigos.
– Renato, visivelmente contrariado, respondeu:
– Fique tranquila, não vou comentar com ninguém. Isso é problema deles. Mas nunca mais quero que você vá à praia sozinha com essas minhas amigas piranhas.
Ela respirou aliviada. Também preferia estar na companhia dele. porque era sempre mais divertido. Quando estavam reunidos com os amigos, Renato era sempre o centro das atenções. Era muito querido por todos.
Durante a semana, Inara almoçava em casa após as aulas. Renato também vinha para o almoço em casa sempre que podia.
Um dia, após o almoçarem, deitaram-se para descansar. Após uma hora, ele sentiu preguiça de ter de voltar aos escritórios. Abraçou-a e demorou mais algum tempo. De repente, dando um pulo da cama, disse:
– Tenho de voltar, preciso ao menos buscar o paletó. Arrumou-se, beijou-a e saiu.
Inara não gostava daquela situação e isso foi o assunto da conversa quase diária que tinha com a mãe ao telefone.
No final de semana seguinte, como haviam combinado, os pais de Inara vieram ao Rio para visitá-los.
Renato fez questão de levá-los a diversos lugares. Conversavam bastante e a filha abria o caderninho para contar aos pais tudo que de diferente tinha aprendido no convívio com os amigos e colegas de trabalho. No domingo, estando o dia nublado, resolveram almoçar em casa. O marido gostava de cozinhar.
Durante o almoço, o pai fez uma pergunta inesperada:
– O que vocês acham de morar em São Paulo?
Surpreso, o carioca logo respondeu:
– Nem pensar, aqui tenho bons salários.
– Mas são dois trabalhos, né, Renato? Até quando você vai conseguir manter essa situação? – perguntou o pai que continuou falando:
– E se você conseguisse um bom emprego em São Paulo?
Renato pensou, pensou e falou:
– Mas em São Paulo não tem praia. Eu não me acostumaria viver sem.
Em seguida perguntou à esposa:
– O que você acha disso Baixinha?
Ela abriu um largo sorriso e respondeu:
– Seria um sonho para mim.
Mas, morar em São Paulo? Nunca pensei nisso, apesar de já ter morado lá com meus pais quando era criança.
Percebendo que o genro estava considerando a ideia, o pai continuou animado:
– Renato, me dê seu currículo. Deixa-me tentar ajudar. Tenho alguns conhecidos em São Paulo. Quem sabe?
Mãe e filha sorriam discretamente, felizes com a possibilidade de estarem morando na mesma cidade novamente.
Os pais voltaram para São Paulo no dia seguinte. Uma semana depois, à noite, o pai ligou. Renato atendeu:
Depois dos cumprimentos, o pai falou:
– Tem uma entrevista marcada para você na semana que vem com o presidente do Metrô de São Paulo. Ele é meu amigo e, coincidentemente, estão buscando alguém com seu perfil para preencher uma vaga de Analistas de Sistemas. Entreguei seu currículo e ele gostou. Disse que, se a entrevista for boa, ele te dará uma chance. Ah! E o salário que pagam é um pouco maior do que os seus dois juntos aí no Rio.
Renato ficou desconsertado dizendo que precisava pensar, conversar com Inara e que daria a resposta no dia seguinte.
Depois de muito conversarem, pesarem os prós e contras, ele aceitou fazer a entrevista e viajaram a São Paulo.
O presidente do Metrô tinha o mesmo estilo gozador e brincalhão de Renato. Gostou do carioca e o carioca dele. – A vaga pode ser sua.
– Será uma mudança radical para mim, me dá dois dias para pensar. Preciso conversar com a minha esposa.
Agradeceu a oportunidade e saiu.
Na casa dos pais e junto com eles, exercitaram a ideia da mudança e Renato tomou a decisão esperada por todos: Eles mudariam para São Paulo.
– Antes, porém, – disse Inara – quero fazer uma visita ao Porto Seguro. Quem sabe posso ter meu emprego de volta.
Levantou-se, foi ao telefone e ligou para o colégio, marcando um horário para falar com dr. Binelli para o dia seguinte.
Depois de Inara contar um pouco da sua vida no Rio e a mudança para São Paulo, o diretor falou:
– Adoraria recontratá-la, mas temos uma regra aqui na escola. Professor que pede demissão, não pode ser readmitido.
Inara, visivelmente chateada respondeu:
– Ah! Eu não sabia disso. Se soubesse não teria vindo pedir.
Dr. Binelli, coçou a cabeça, pensou um pouco e pediu que ela fosse à sala de espera e aguardasse um pouco. Lá fora, ela podia ouvir que ele falava ao telefone.
Logo depois ele a chamou:
– Inara, resolvemos abrir uma excessão e quebrar a regra. Estávamos em busca de outra professora. A que ficou no seu lugar não deu certo. Você tem muita sorte menina. Está contratada e novamente seja bem-vinda!
Um mês depois mudaram-se para São Paulo.
Agora é a vez de o carioca sentir as diferenças culturais entre São Paulo e Rio. Será que vai se adaptar? Acho que vou providenciar um caderninho pra ele. – concluiu Inara, sorrindo feliz.
…
Próxima semana
Capítulo 18
Como viver em São Paulo
…
História inspirada em fatos reais, embora alguns eventos, personagens, nomes e locais, tenham sido criados para a composição literária. Qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência. YG
Continuo acompanhando sua história com bastante curiosidade e apreço. Temas interessantes como o de hoje que fazem parte da reviravolta nas vidas de cada casal que se forma, nos fazem refletir como é desafiador iniciar um convívio com uma pessoa com hábitos consolidados sem que isso interfira na nossa própria formação. É uma verdadeira lapidação de personalidades. Você abordou muito bem essa diferença entre cariocas e paulistas.
Ontem, conversando com a sogra do meu filho, fiquei sabendo que sua filha mais velha se apresentou no colégio com a fantasia com a peneira do café. Ela era do Colegial e sue nome é Cláudia Lacaz Vieira, hoje médica radiologista. Ela lembrou bem da festa e você foi alvo de nossos comentários. Sempre muito bom recordar esses momentos.
Regina, que prazer me deu ler o seu comentário. You made my day! como se diz por aqui. Uma das coisas que me fez crescer nessa vida foi poder conviver e aprender com diversas culturas. Vivendo nos Estados Unidos há 27 anos, me fêz aprender a aceitar maneiras diversas de pensamentos, usos e costumes. Ainda escreverei sobre esse choque cultural de quando me mudei para cá. Obrigada por seu carinho.
Leitura leve e agradável!!
Estou gostando muito.
Abs
Obrigada pelo carinho, Silvana.
Hoje, em férias li o capítulo e fiquei muito feliz em saber que você escreve de uma forma tão bacana, leve e envolvente que independente dos outros capítulos, o leitor contempla este de forma inteira, sem lacunas e fica a curiosidade do próximo… uau! Quero saber o que vai “rolar” em SP.
Uau Eneas que prazer você me dá. Um escritor poético lendo o que eu escrevo… me sinto honrada. Obrigada meu querido. Grande beijo.
Nao pare , continue escrevendo estou dependente.
Muito bom!
Ah que lindo Gegê! Domingo sai o último capítulo desta temporada. No ano que vem tem continuação. 🙂
Tô gastando, vamos em frente…
e’ uma viagem ao passado de todos nos que ja’ tivemos que mudar tantas vezes no inicio de nossas vidas. Exelente!